O Filho Pródigo

– Nós vamos ler a história do filho pródigo esta manhã, Emily. Ela ajudará você a entender o que estávamos falando ontem. Está no Evangelho de Lucas, capítulo 15, do versículo 11 ao 24.

“E disse: Um certo homem tinha dois filhos;

E o mais moço deles disse ao pai: Pai, dá-me a parte dos bens que me pertence. E ele repartiu por eles a fazenda.

E, poucos dias depois, o filho mais novo, ajuntando tudo, partiu para uma terra longínqua, e ali desperdiçou os seus bens, vivendo dissolutamente.

E, havendo ele gastado tudo, houve naquela terra uma grande fome, e começou a padecer necessidades.

E foi, e chegou-se a um dos cidadãos daquela terra, o qual o mandou para os seus campos, a apascentar porcos.

E desejava encher o seu estômago com as bolotas que os porcos comiam, e ninguém lhe dava nada.

E, tornando em si, disse: Quantos jornaleiros de meu pai têm abundância de pão, e eu aqui pereço de fome!

Levantar-me-ei, e irei ter com meu pai, e dir-lhe-ei: Pai, pequei contra o céu e perante ti;

Já não sou digno de ser chamado teu filho; faze-me como um dos teus jornaleiros.

E, levantando-se, foi para seu pai; e, quando ainda estava longe, viu-o seu pai, e se moveu de íntima compaixão e, correndo, lançou-se-lhe ao pescoço e o beijou.

E o filho lhe disse: Pai, pequei contra o céu e perante ti, e já não sou digno de ser chamado teu filho.

Mas o pai disse aos seus servos: Trazei depressa a melhor roupa; e vesti-lho, e ponde-lhe um anel na mão, e alparcas nos pés;

E trazei o bezerro cevado, e matai-o; e comamos, e alegremo-nos;

Porque este meu filho estava morto, e reviveu, tinha-se perdido, e foi achado. E começaram a alegrar-se.”

– Eu gosto de ouvir essa história, mamãe. Já a ouvi antes. Papai a leu nas orações, no dia em que a senhora ficou doente, semana passada. Mas não sei exatamente o que ela significa.

– Esta história é chamada de parábola. Jesus a contou aos Seus discípulos para ensiná-los sobre o amor e o perdão de Deus. Este homem que tinha dois filhos é como Deus. Deus é nosso Pai. Os pais amam seus filhos, tem carinho por eles, e dão a eles roupas e comida e tudo o que eles precisam, e tentam fazê-los felizes. Assim Deus faz por nós. Todos os dias, todo momento, Ele está nos dando algo de bom.

“Este pai tinha dois filhos e, um dia, um deles pediu que ele lhe desse uma grande quantia em dinheiro. O pai era muito bondoso para recusar, então, deu o dinheiro a ele. Mas o filho foi ingrato para com seu bom pai, afastou-se dele, foi viver em um país distante, desperdiçou todo o seu dinheiro e foi muito tolo e mau. Quando todo o dinheiro acabou, ele não soube o que fazer. Suas roupas estavam todas esfarrapadas, ele estava com muita fome e não tinha um centavo para comprar comida. Acho que ele não tinha amigos naquele país distante e sofreu muito. Enquanto estava vagando, encontrou um homem que tinha muitos porcos e pediu ao homem que lhe desse emprego como cuidador dos porcos. O homem o mandou alimentar e cuidar dos animais, mas não deu o suficiente para ele comer. Ele estava com tanta fome que queria comer a comida dos porcos. Pobre e tolo rapaz! Agora ele começou a pensar em sua casa, em seu bondoso pai, e sentiu muito pelo que havia feito. Ele desejava estar em casa. Ele desejava nunca ter ido embora. Ele se sentia muito perverso. Ele havia feito algo muito, muito errado. Por fim, ele pensou em voltar. Mas como poderia fazer isso? Ele pensou que seu pai ficaria muito zangado com ele. Talvez nem quisesse falar com ele. Talvez não o deixasse morar em sua casa. Ele olhou para suas roupas sujas e esfarrapadas e pensou em como havia sido ingrato, e sabia que seu pai estaria certo se o mandasse embora novamente. Lágrimas rolaram pelo seu rosto. Ele estava muito infeliz e com medo de voltar para sua casa, porém, não suportava ficar no meio daqueles porcos.

“Por fim, ele se levantou rapidamente e disse: ‘Voltarei para meu pai. Direi a ele como fui mau, como estou infeliz e com fome, e pedirei que ele me deixe trabalhar para ele como um de seus servos, pois não sou mais digno de ser chamado filho’. Ele caminhou pela estrada pensando em como ficaria feliz em ver sua casa mais uma vez – mas o tempo todo temia que seu pai estivesse tão descontente com ele, que não o perdoasse.

“Por todo esse tempo em que o rapaz esteve fora, o pobre pai lamentou por seu filho ingrato. Ele ouvira como o filho era mau e desperdiçador, e estava muito descontente. Mas ainda o amava muito e desejava que ele voltasse, se arrependesse e fizesse as coisas certas, e teve pena quando soube o quão faminto e infeliz ele estava.

“Um dia, quando esse pai estava na porta de sua casa, ele viu alguém vindo lentamente pela estrada a uma grande distância. Ele olhou fixamente. Pensou que parecia o seu querido filho. Será que era? Ele caminhou até a estrada e, quando o pobre e miserável garoto se aproximou, com a cabeça baixa, envergonhado por suas roupas esfarrapadas e sentindo-se miserável por ter cometido um erro, seu pai o reconheceu. Você acha que ele virou as costas, entrou em casa e fechou a porta? Você acha que ele disse: ‘Não quero ver esse rapaz mau; ele nem precisa vir aqui’? Não. Ele nem esperou até que o rapaz chegasse ao portão, mas correu o mais rápido que suas velhas pernas conseguiam, jogou seus braços em volta do pescoço dele, abraçou-o com força, beijou-o e o amou como quando ele era pequeno e subia no seu colo.

“Então, o filho disse: ‘Pai, pequei’; e contou a ele todas as coisas erradas que havia feito, e que não era digno de ser chamado de filho, e pediu que ele o deixasse trabalhar por um pouco de pão, para que não morresse de fome.

“Mas o pai pediu algumas roupas bonitas para vesti-lo, deu a ele uma ceia quente, e convidou a todos para ficarem alegres porque estava com seu filho querido em casa novamente, e porque ele se arrependeu muito pelo que havia feito, e nunca mais cometeria um erro deste novamente.”

– Oh, que história linda, mãe! E que pai bom esse pobre rapaz teve!

– O Salvador contou essa história para que pudéssemos conhecer mais sobre o coração amoroso de nosso Pai celestial. Ele sente em relação a nós, o que esse pai sentiu em relação a seu filho perdido. Quando nos esquecemos Dele, não O amamos e não oramos para Ele, quando alimentamos sentimentos maus e temperamentos impacientes ou somos desobedientes, Seu coração fica triste. Ele fica com receio de nunca voltarmos para Ele e termos condições de morar em Sua casa. Mas, logo que nos arrependemos e confessamos nossos pecados e Lhe dizemos que queremos fazer o que é certo, Ele está pronto para nos abraçar e nos dar tudo o que precisamos, nos proteger do mal e nos chamar de filhos queridos.

– Mãe, e se o filho tivesse tanto medo do pai que não voltasse para casa?

– Nesse caso, eu suponho que ele continuaria vagando e ficando cada vez pior, e talvez tivesse morrido de fome.

– E suponha que ele não tivesse se arrependido, ou não estivesse disposto a dizer para seu pai que havia se arrependido? Oh, estou muito feliz por ele ter se arrependido, pois nunca estaria em casa e feliz novamente se não tivesse feito isso.

– É sempre bom confessarmos os nossos pecados. Se somos indelicados com nossos companheiros ou amigos, se cometemos algum mal, é sempre bom confessar. Isso os deixa mais felizes e alivia nossos próprios corações. E melhor ainda é confessar a Deus as coisas erradas que fazemos aos Seus olhos. Isso tira um fardo pesado de nossas almas, e Ele derrama Seu próprio amor e paz sobre nós, e nossa vida se torna muito melhor do que era antes.

Por Sophia Goodrich Ashton

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